♪ Crazy - Simple Plan

7 de novembro de 2011

Uma história (Parte I)

Pálida, imóvel, deitada numa cama de hospital. Foi assim que ele a encontrou logo que chegou. Ele nunca imaginou que um dia pudesse vê-la naquele estado. O soro pingava lentamente, passando, gota a gota para aquele corpo que mais parecia sem vida, por uma fina agulha que lhe foi colocada numa veia da mao.
Como quem cochila e sente a presença de alguem, ela abriu devagar os olhos e, mesmo coma visão embaralhada e sem conseguir identificar o que via, disse um "oi" trêmulo, baixinho, sem forças. Ela nao havia acordado. O remédio que ela tomara algumas horas antes sedava, causava alucinações, delírios. Ela nao estava em si.
Ele se aproximou e, incrédulo de tudo o que já havia presenciado naquela noite, assustado e confuso com a situação, pôs-se a chorar.
Ela tentou se levantar, alegando que precisava ir ao banheiro, mas não o podia fazê-lo sem ajuda. Estava dopada, com o corpo mole, se conseguisse, com muito esforço, levantar-se, cairia logo em seguida. Sua mãe, que tambem estava ali, parada, quase tão imóvel quanto a filha, e que até então apenas observava sem acreditar no que estava se passando diante de seus olhos, segurou-a pelo braço e levou-a ao banheiro. Ao levantar-se, enquanto era praticamente arrastada até o banheiro, ela balbuciava algumas palavras que ninguem conseguia entender.
De volta à cama, sua expressão continuava a mesma do momento em que ele chegara. Na verdade, não havia expressão. Tudo que se via era um rosto branco, mais branco do que o de costume, que mais parecia uma boneca de porcelana sem pintar: até o rosado natural das bochechas e dos lábios  desaparecera.
Ele ainda chorava pensando em como tudo aconteceu, quando a mãe dela, de um jeito frio, disse-lhe:
- Não chore por causa das coisas que ela faz!


[...]em breve a continuação[...]

4 de agosto de 2011

E de repente,
como o sol quando se esconde
atrás das nuvens
e como o céu que de azul
vira cinza, foi-se embora
o sorriso e a vontade
de viver.
E de repente,
como a chuva que cai
fina, fria e sem graça, dos olhos
passaram a cair
lágrimas
de dor, de desespero, de saudade.
Porque de repente,
como uma estrela que no céu
se apaga, na estrada ficou
uma vida, de um homem, bom,
menino, amado, que mesmo
indo embora para sempre não vai
deixar de viver.
Porque de uma estrela não se esquece
o brilho, de uma vida não se esquece
a luz, de um amor não se esquece,
de um amigo não se esquece, dos
homens bons não se esquece…

18 de abril de 2011

Basta me aceitar


Eu só queria um pouco mais de atenção.. Mas não é de todo mundo. A atenção dos meus amigos de verdade eu já tenho. Eu só queria que as pessoas que dizem me amar tanto conseguissem fingir melhor que estão falando a verdade.
 Não... Eu não estou falando de me dar as coisas materiais que eu vivo pedindo.. Roupas, sapatos, ou qualquer tipo de presente não é do que eu preciso. Isso tudo eu já tenho, e não são essas coisas que vão fazer eu me sentir melhor.
Eu to falando é daquela coisa de lembrar que eu queria que eles me levassem nos lugares, que fizessem questão de ouvir da minha boca (e aceitar) o que me faz realmente bem e o que, definitivamente, me deixa mal. Mas eles têm a mania de achar que sabem o que é ‘melhor pra mim’, ou o que vai ‘me trazer mais benefícios’ ou o que vai fazer eu me sentir melhor.
Mas acontece que eles não sabem... Não me ouvem e sempre tomam decisoes por mim. Decisoes que eu jamais tomaria. Decisoes que me matam por dentro e que eles acham que é o melhor. Que melhor é esse? O melhor pra mim é aquilo que me faz sofrer? São as coisas que fazem eu me sentir um lixo? Se não, por que eles não me ouvem?
É... Eu não tenho estado muito bem. Eu tenho precisado muito que as pessoas que dizem que são (e que tem que ser) meus melhores amigos aprendam a me ouvir sem brigar comigo pelas coisas erradas que eu faço antes mesmo de eu falar o que aconteceu. E não são só as coisas erradas. E isso de certo e errado me atormenta ainda mais. Até o que eu faço certo ainda ta errado pra eles. E ta errado porque eles não faziam isso. Porque eles eram os filhos perfeitos.
Com minha idade ele já trabalhava duro, ia sem reclamar fazer o trabalho que nem todo adulto consegue fazer. Ela era a menina mais estudiosa do mundo, a mãe dela nunca precisou pedir que ela fosse estudar. Eles se vestiam como todo mundo. Agiam como todo mundo, acreditavam no que a maioria acreditava. E, por isso, eles acham que tem o direito de querer que eu seja como eles. Vivem querendo que eu acredite nas mesmas coisas que eles acreditam, que eu goste das mesmas coisas, das mesmas pessoas, das mesmas roupas, das mesmas músicas que eles gostam.
Mas eu não sou a cópia de nenhum dos dois. Eu sou exatamente o oposto deles dois juntos. Gosto justamente do contrário. Admiro tudo que eles não entendem. E por incrível que pareça, não é pra contrariar ninguém. Não, eu não gosto de coisas ruins,que prejudicam, que fazem mal. Gosto de coisas inofensivas, que muita gente, infelizmente, julga errado ou feio simplesmente por não entender que o que é visto como ‘padrao’ pra maioria das pessoas é algo sem graça demais para mim. E não é nem porque eu quero. É porque eu não tenho o poder de escolher como eu vou ser, do que eu vou gostar... Mas quer saber? Eu gosto de ser assim..
Se eles não me entendem e não me aceitam, eu não posso fazer nada. Se eles não percebem que eu só preciso que eles gostem de mim como eu sou, não sou eu quem vai fazer eles perceberem. Eu não quero e não vou mudar o que eu penso só porque eles queriam que eu fosse diferente. Mas eu preciso que eles aprendam a  me aceitar, e a me dar só um pouco de atenção. Atenção que quem tem não sabe como é ruim não ter. atenção em detalhes pequenos mas muito importantes pra fazer bem a uma pessoa que ta precisando ser um pouco mais feliz...

22 de março de 2011

Se achar confuso, não ligue: é um desabafo.

Às vezes nem eu me reconheço. Se num instante sou a pessoa mais legal do mundo, no outro sou só uma chata que ele quase não suporta. Se mais cedo eu estava feliz, agora já não consigo conter as lágrimas diante da pessoa pra quem eu queria ao menos parecer bem. Se ontem eu estava bonita querendo me esbarrar com ele por aí, hoje eu só quero distância do espelho e das pessoas pra ninguém ter que observar tamanha feiúra. Se eu queria até agora viver intensamente cada momento, a partir de agora eu quero que o tempo corra enquanto eu estou dormindo, pra não correr o risco de fazer mais uma besteira na frente dele.
O que está acontecendo comigo? Eu não consigo nem mais disfarçar que alguma coisa não está me fazendo bem. Eu já nem consigo ser a pessoa que eu era há poucos instantes atrás. Ele hoje já não me vê da mesma forma que via ontem. Não, não sou uma pessoa inconstante, nem bipolar. Também não sou uma desmemoriada que esquece quem é a cada hora ou a cada dia. Não, eu não sou mentirosa, eu não finjo ser alguém que eu não sou.  Em mim existem duas e não uma única pessoa: a pessoa que eu sou por fora e quem eu sou dentro de mim. E às vezes elas se misturam.
A pessoa que eu sou por fora é forte, determinada, feliz, engraçada, às vezes parece meio louca, com aquela loucura gostosa de quem gosta da vida, das pessoas, das coisas, independente de como elas sejam. A pessoa que eu sou por fora agüenta uma barra pesada sorrindo e ainda se oferece pra ajudar os outros. Essa pessoa parece não ligar pros problemas, parece não ter medo de errar e até não se arrepender de nada do que faz. É alguém que sorri pro mundo e que gosta de ver o mundo sorrindo. É a pessoa ideal. A pessoa que ele gostaria de ter por perto sempre. A pessoa que ele gosta. Aquela pessoa legal, que não deixa transparecer interesse além da conta, que é amiga de todo o mundo do mesmo jeito, que o trata como se ele fosse apenas mais um amigo. E tem tantos amigos! E a pessoa que eu sou por fora é quem eu deveria ser. O tempo inteiro.
Já a pessoa que eu sou por dentro não é tão forte como aparenta. É sensível, sonhadora, confusa, boba, e chora por muitas vezes se ver sozinha e pequena diante de problemas enormes. Ela precisa de ajuda, de carinho, de um amigo. É uma pessoa que se ilude fácil, que acredita nas pessoas que com a mesma facilidade que confia se decepciona. É uma pessoa que erra, que sofre, que não nega que fica mal muitas vezes pra fazer alguém se sentir bem. A pessoa eu que sou por dentro é alguém que se entrega a um sentimento sem medir as conseqüências. Alguém que vive se machucando pelas mesmas pessoas, pelas mesmas ilusões e por ilusões novas também. Essa pessoa é alguém que ele não acharia legal, alguém de quem ele se afastaria e alguém por quem ele indiscutivelmente não iria se interessar. E a pessoa que eu sou por dentro é quem eu não deveria deixar aparecer. Definitivamente.
Mas pessoa que eu sou por dentro não se contenta com o espaço que tem, e tenta a qualquer custo aparecer, gritar por socorro, pedir ajuda, mas por ela não saber como sair de mim, sai pela metade, me confunde, confunde quem me vê. Quando quem eu sou por dentro consegue uma brecha, me faz parecer outra pessoa, falar coisas que quem eu sou por fora jamais falaria... Então ele não me reconhece, não vê em mim quem eu era e já não me trata mais como me tratava antes, não faz questão da minha companhia, nem entende direito o que eu falo. A pessoa que eu sou por dentro faz a minha vida desandar...
Verdade. Ele é o meu ponto de referência para eu saber algo sobre mim. E talvez ele não saiba, mas enquanto a pessoa que eu sou por fora some, a que eu sou por dentro tenta avisá-lo que há em mim um sentimento forte, por ele.  Mas o que quem eu sou por dentro não sabe que ele pode não querer saber e que se eu estou sufocando esse sentimento é para não correr o risco de vê-lo se afastar. E quem eu sou por dentro se nega a aceitar que se quem eu sou por fora perder ele, ela (a de lá de dentro) vai perder também.
E nesse momento quem eu sou por dentro resolveu se unir a quem eu sou por fora e concordar que as duas pessoas que eu tenho em mim, juntas, estavam precisando desabafar.

10 de março de 2011

Castelos de areia


Quando meus pais me ensinaram a brincar de construir castelinhos de areia eles não me falaram que essa brincadeira inútil poderia ser tão dolorosa um dia.
Construir aqueles castelinhos e sonhar que eles poderiam ser realidade, quase me fez acreditar que contos de fadas existem. Mas com o tempo eu aprendi que aquela linda história com um final feliz, nem sempre acontece na vida real.
Hoje eu me pergunto: qual o sentido de se construir castelos de areia? A resposta é cruel:  Não há sentido algum. Não passa de uma perda de tempo. E quanto do meu tempo eu já perdi?!
Alguém já viu um castelo de areia permanecer de pé por mais que alguns instantes? Inevitavelmente os lindos castelinhos, e com eles os sonhos felizes para sempre, sempre são destruídos se não pelo vento, pelas águas do mar, de uma chuva, ou pelos pés de quem passa... E muitas vezes quem passa é aquela pessoa que nos ensinou a gostar dessa brincadeira aparentemente feliz... E como a gente fica triste...
E é sempre assim. Perdemos muito do nosso tempo construindo um sonho para ele ser jogado ao chão justamente por aquelas pessoas que acreditávamos que estariam sonhando junto com a gente. A gente se decepciona com pessoas que amamos (ou amávamos) porque elas destruíram (mesmo que sem pensar, ou sem querer) algo que a gente tanto se esforçou pra construir. Então vem a desilusão a tristeza, a revolta e a difícil decisão, que provavelmente não dura muito tempo, de não construir mais castelos de areia, de não mais perder tempo com uma coisa que jamais dará certo.
Mas a gente não obedece nem respeita nem as nossas próprias decisões, e em pouco tempo nos vemos, mais uma vez, empenhados na construção de uma ilusão que mesmo por pouco tempo nos faz acreditar em um final feliz...