♪ Crazy - Simple Plan

1 de abril de 2012

Uma historia (parte II)

...[continuação]
Ela era, para a grande maioria das pessoas, uma adolescente rebelde. Se um dia subia num salto cor de rosa e se arrumava feito uma garota vaidosa, no dia seguinte usava meias rasgadas, roupas pretas, all star, e pintava o cabelo de alguma cor que ninguém mais teria: azul, roxo, rosa, laranja… ela era, aparentemente, feliz. Embora muitas pessoas a julgassem por causa, principalmente, da aparência, ela não se importava: era desse jeito que ela era, e não cogitava a possibilidade de mudar para que a vissem como normal.
Criativa e prestativa, estava sempre pronta para ajudar quem precisasse. Gostava de dançar, de pintar, de tirar fotos, de inventar… Sonhava mil e uma fantasias, e fazia tudo o que podia para transformas suas fantasias em realidade. Muitos diziam que tinha alma de artista. Não gostava de ser igual. Tinha que fazer tudo do seu jeito, de um jeito que ninguém mais faria.
Ela gostava de ser quem era, mas sentia que havia algo de errado. Seus pais, embora não a proibissem de ser tão diferente da maioria das garotas da sua idade, não conseguiam entender nem lidar com tanta autenticidade e irreverência. Era assim, também, que muitos a descreviam: irreverente. Ela gostava que a vissem dessa forma, mas sentia que por trás do aparente elogio havia um outro significado para tal palavra. Significado do qual ela não gostava, mas deixava pra lá.
Muitas pessoas não sabiam, mas aquela garota, mesmo quando sorria, se sentia extremamente triste. Era como se lhe faltasse algo que ela nunca tivera, e que nem ela sabia, de fato, o que era. Ela tentava parecer sempre bem e, na maioria das vezes, conseguia. Ela podia sorrir o dia inteiro. Podia até quase acreditar que estava totalmente feliz, mas quase toda noite ao se deitar, antes que o sono chegasse, chorava rios de lágrimas num desespero incontrolável e sem explicação. Uma ou outra vez ela deixava que as lágrimas transbordassem dos seus olhos diante de outras pessoas.
Fazia mais ou menos um ano que as coisas só vinham piorando. Em casa, brigas com os pais já eram parte da rotina, mas algumas vezes passavam do limite. Chegavam a um ponto tão extremo que se podiam ouvir da rua os gritos cheios de raiva dos pais e os gritos e o choro desesperado da garota que ia, a cada dia, ficando mais fraca. Ela já não estava mais agüentando. As brigas iam fazendo ela se desinteressar pelos estudos, pelas coisas, pela própria vida, e o seu desinteresse crescente, ia provocando novas brigas. E estava sendo assim. Era como uma bola de neve, descendo montanha abaixo, ficando cada vez maior. E ela tentando segurar…
[continua]…

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